O Hawaii Atlântico – Ilhas das Flores e do Corvo, Portugal

Todos os anos milhares de pessoas pensam em visitar o Havai pelo menos uma vez na vida, e outras tantas acabam por realizar o seu sonho. Mas e aqueles que procuram uma experiência igual e a um custo mais amigável? Pois bem, meus caros leitores, vieram ao sítio certo. Neste post vou falar-vos do Hawaii Europeu.

Nada alimenta melhor a fome de uma nova aventura do que um voo cancelado devido ao mau tempo e, consequentemente, uma excursão cancelada. No entanto, quando estamos no avião somos presenteados com uma visão surreal da ilha das Flores, e ao mesmo tempo algo aterradora. Por um lado, começamos a ver a natureza crua e bruta que nos atrai a esta ilha, mas à medida que nos aproximamos do aeroporto, vemos um trilho que vai de uma ponta à outra da ilha onde em cada extremidade existem uns ilhéus muito pontiagudos a acompanhar o mar.
Como só existem 3 estradas nesta ilha (norte, sul e centro da ilha) aconselho vivamente a seguir a estrada que corta a ilha ao meio, onde em apenas 5 minutos do aeroporto os segredos desta ilha começam a ser revelados. Imaginem o carro a transformar-se numa bolha e à nossa volta uma paisagem verde montanhosa, decorada com flores, ora roxas, ora brancas, e uma ou outra cascata ao longe, tudo isto envolto na agradável composição musical da natureza – uma visão simplesmente impossível de descrever por ser tão serena, relaxante e pura. Prosseguindo para junto da costa, do outro lado da ilha, continuámos o nosso caminho sempre rodeados pelas famosas flores roxas e pelas encostas do mar incrivelmente verdes e cuidadas pelo gado local.

Com o tempo infelizmente curto não nos demos ao luxo de desfrutar a 100% destas belas paisagens tendo que continuar o nosso caminho para o alojamento (já a chegar tarde para o check-in, algo impossível de não acontecer quando se está constantemente rodeado de imensa beleza natural), sendo que fomos incrivelmente surpreendidos mais uma vez num curto espaço de tempo por transições de paisagem, ora passando por uma enorme floresta ora pela joia que torna esta ilha famosa, as suas cascatas.

Para nossa surpresa, assim que chegámos ao alojamento, encontrámos a equipa da excursão que íamos fazer nesse dia a lavar o carro no nosso alojamento. Felizmente para nós, a equipa foi super simpática e prestável ao ponto de avaliar o tempo solarengo que tínhamos e de nos dar um pequeno roteiro a seguir. Este consistia numa visita à cascata situada nesta pequena aldeia (Fajã Grande) o “Poço do Bacalhau” (onde os habitantes locais costumam passar parte dos seus dias de verão quando o mar está agitado).

Na segunda paragem ficámos a conhecer a joia desta ilha, o “Poço do Ferreiro”. É aqui que se justifica o cerne deste post – chegámos ao Hawaii europeu. Para chegar até aqui é preciso seguir um caminho de pedra, com uma vala onde corre água limpa das cascatas acima, rodeado por uma floresta repleta de árvores com troncos claros e folhas num tom de verde puro, apesar destas belas árvores toda a sua fauna se notou ser selvagem e diversificada – todo este percurso é feito sentindo por vezes uma ligeira brisa e um som harmonioso composto por água corrente e pássaros locais. Uma vez fora da mata as cascatas passam de um sonho para a realidade, uma transição única e deslumbrante. Agora o som da água corrente passa a ser o da água em queda livre a uma certa distância criando um ambiente zen/relaxante – diria que 5min aqui ajudam uma pessoa a livrar-se de metade do stress acumulado – uma beleza tal que dá vontade de agradecer por viver no planeta terra e que até nos põe lágrimas nos olhos. Embora vá partilhar convosco algumas fotos deste lugar maravilhoso, sei que não farão justiça à beleza e à paz que este espaço realmente encerra – atrevo-me a dizer que é um lugar que terá de ser visto com os nossos próprios olhos.

    → Pequeno aparte, lembro-me de ter dito ao meu amigo para demorar apenas 5min devido à nossa limitação de tempo, mas 1h e pouco depois (e algumas sessões fotográficas) ainda lá estávamos a contemplar a beleza da paisagem.

Para terminar um dia cheio de emoções e coincidências nada como visitar uma antiga aldeia abandonada e à mercê da natureza, agora recuperada e a servir de turismo rural, a “Aldeia da Cuada”. Quem diria que seria possível numa ilha um pouco pequena sentir que o teletransporte é possível! Esta aldeia parecia ter poucos anos e ter sido sempre habitada. Situada num vale rodeado pelo mar e pelas encostas, a sua paz e sossego só eram perturbados pelos sons dos animais que pastavam (moradores). Uma aldeia toda construída em pedra, os caminhos, as divisões de terreno e as casas, cada uma com o seu quintal que podia albergar muitos campistas.

No final do dia, pudemos apreciar o último pôr do sol europeu e provar as iguarias locais, nomeadamente a sua carne de vaca. Com o cair da noite e rodeados mais pela natureza do que pelas pessoas, é garantido um serão relaxante, e somos cortejados pelas sinfonias harmoniosas dos grilos e de outros animais noturnos – um spa natural gratuito!
De volta à aventura: que tal caminhar dentro do caldeirão de um vulcão extinto? Pois bem, esse era o desafio do dia, para isso tínhamos de ir até à ilha do Corvo, e como era verão nada melhor do que um agradável e refrescante passeio de barco até lá (mais informações no final deste post). Este passeio levou-nos a conhecer parte da costa da ilha das flores, mostrando os seus inúmeros ilhéus (havia um que tinha a forma de um elefante), grutas (suficientemente grandes para caber o nosso barco lá dentro – sim o nosso skipper tinha uma habilidade única), o final das suas belas cascatas que culminavam no oceano e por fim mostrando encostas verdejantes de uma natureza pura em equilíbrio.

“Corvo”, um nome algo atípico para uma ilha em que metade é um vulcão. Razão pela qual deve ser visitada! Imagine-se a caminhar dentro do caldeirão de um vulcão, agora povoado por gado local e uma fauna muito diversificada (flores silvestres, prados e uma espécie de pântano) – para ver tudo, precisa de pelo menos 4 horas.

Além das suas características paisagísticas, podemos contar com uma comunidade entre 200 e 400 pessoas, o que para uma ilha relativamente pequena já diz muito. Aqui recomendo uma visita ao Ecomuseu para saber mais sobre a chegada dos primeiros colonos, os problemas com piratas e a resiliência climática desta nobre ilha. Depois de uma boa refeição cultural, sugiro um pequeno descanso nas suas praias vulcânicas rodeadas por antigos moinhos usados para moer grãos e derivados.

Para terminar esta aventura de esplendor, de descoberta, de entusiasmo e de pura procura de calma, porque não voltar atrás no tempo e utilizar um mapa? Pois bem, este foi o grande resultado, uma mão no volante e outra na direção, sem nunca nos perdermos e sem acidentes. Para além das cascatas esta ilha tem florestas, planícies floridas e imensos lagos – estes lagos aparecem aos pares como se fossem irmãs e com variações de altitude quase por causa de uma cascata.

→ Gostaria de deixar um agradecimento especial à ExperienceOC – agência de turismo – e a toda a sua equipa pela amabilidade, disponibilidade e ajuda. Recomendo a todos os meus leitores que considerem participar nos seus passeios, pois para além de não ficarem desiludidos ficarão com um melhor conhecimento sobre a ilha.

Obrigado, Flores e Corvo, e até breve!

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Subida ao vulcão e vinhas vulcânicas – Ilha do Pico, Açores